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Escritores: Parceiros ou Concorrentes?
Escritores: Parceiros ou Concorrentes?

ESCRITORES:  PARCEIROS OU CONCORRENTES?

 

Em dois anos usando a internet para divulgar meu trabalho, percebo como é difícil a relação da maioria dos escritores com seus colegas. Concorrência.  Querem ser lidos, porém não lhes interessa os textos de outros escritores.  Nem sabem que eles existem, não sabem seus nomes, são apenas “outros” membros daquele grupo de compartilhamento.  E quando têm certeza da existência de outros escritores, o seu comportamento é competitivo, e o outro escritor torna-se um forte concorrente.

 

“Eu sou poeta e estou divulgando meu trabalho, os demais devem apreciar, podem até comentar, mas só aceito elogios, porque eu sou...” Ou... “Sou escritor e tenho livros publicados... Estou aqui apenas divulgando meu trabalho, podem curtir a minha página...” Não escrevem explicitamente, mas percebe-se a soberba na forma de escrever... Eu conheço alguns...  “Sou um consagrado escritor, tenho livros vendidos até na Europa”... E assim segue...

 

O escritor, pode até ser tímido e retraído, e o seu comportamento um subterfúgio para lidar com a insegurança.  Mas, nesse caso, nem deveria entrar na internet, e muito menos numa rede social.  Comunicação é fundamental para a continuidade do trabalho literário.  Se você puder arcar com altos custos, pode contratar uma editora e todo o suporte que faz parte do pacote: crítico literário, agente literário, todos os serviços técnicos, e quem sabe secretária e recepcionista também. Pode dispor de assessoria de imprensa e pagar para ter o seu trabalho divulgado nas redes sociais.

 

Mas, se for o contrário e você não tiver dinheiro para a publicação de seu livro e contratar todo o séquito de profissionais, é preciso se comunicar.  Se desejar divulgar seu trabalho, poesias, livros, textos, seja o que for.  Precisa fazer amigos, buscar leitores e interagir com seus colegas. Conhecer e se deixar conhecer.

 

Não somos concorrentes.  Somos parceiros. Eu ajudo você, divulgo seu trabalho e você retribui.  Divulgando, comentando, recomendando ou curtindo.  O escritor precisa ser lido, para continuar se inspirando e seguir no processo criativo.  Da mesma forma, precisa retribuir a ajuda recebida.  O compartilhamento, o comentário, a recomendação.   O que é um grupo?  É um conjunto de pessoas com o mesmo objetivo.  Ou as páginas do Facebook?  Para divulgar produtos e serviços.  No caso de escritores, pode ser um produto (livro) ou para mostrar o talento do escritor, com textos ou poesias.  E a relação com os leitores, amigos ou colegas, é relevante.  Editoras monitoram as redes sociais, procurando talentos, uma obra fantástica ou analisar o comportamento de escritores e pretensos. Participei de um concurso em março, e a editora sugeriu que deveríamos divulgar e solicitar curtidas e comentários.  No chat do Facebook eu procurei alguns amigos, os mais íntimos e também aqueles que já haviam solicitado a minha ajuda, para comentar seus textos e até livros.  Sempre procurei atender aos pedidos porque é importante “a força” dos colegas escritores.  Fiquei surpresa com um escritor que não atendeu a minha solicitação e fui em busca da, digamos, explicação.  Cobrei mesmo!  Lembrei-me do carinho que dispensei ao seu livro e achei que poderia contar com a mesma atenção.  Ele não gostou e ainda me excluiu do Facebook.

 

Eu ficava incomodada, quando fazia um comentário e o colega não percebia ou simplesmente ignorava.  Na minha fanpage no Facebook, em duas ocasiões (2014 e 2016) eu costumava compartilhar poesias e poemas de poetas e poetisas, amigos e conhecidos.  Observava o comportamento dos colegas, alguns não estão nem aí para a parceria, sequer se dão ao trabalho de ir lá na página curtir, outros não dispõem de tempo, em virtude de sua atividade profissional.  Devido a outros projetos eu acabei deixando de lado... depois de duas ou três semanas, ninguém me inquiriu a respeito.

 

Eu não abro mão de todos os recursos que a internet me proporciona.  Desenvolvi um árduo trabalho, mas valeu todos os dias e noites que passei compartilhando, pesquisando, escrevendo meus textos ou curtindo e comentando em grupos.  Até em algumas confusões eu consegui me envolver, por causa da língua portuguesa.   E o trabalho não pode parar.  Eu nada realizei. E acordo todos os dias pensando assim. Se eu tenho um milhão de visualizações no G+, a meta é dois milhões e depois mais e mais. Se conquistei 300 mil acessos no site, é uma meta que atingi e já estou em busca da próxima.  A Terra não para de girar.  A internet não para de se superar e se eu parar, tudo vai desaparecer.

 

Tenho acompanhado o árduo trabalho do escritor Luiz Amato, na organização do FLAL – Festival de Literatura e Artes Literárias.  A dificuldade encontrada por ele e as colaboradoras no sentido de atrair leitores e escritores para curtir e comentar.  Sem contar que a maioria dos participantes não colabora na divulgação.  E é totalmente gratuito e ainda conta com sorteio de brindes. Lamentável que sejamos tão individualistas.

 

Reciprocidade é uma palavra mágica.  Ela abre portas e portões.  Eu comecei abrindo páginas na internet e lentamente, as portas estão se abrindo e me convidando a entrar... e vou pensando em quem vai me acompanhar.   

Nell Morato/Crítica

19/04/2016