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Entrevista DJ Tubarão
Entrevista DJ Tubarão

onhecimentos e Vivências

DJ Tubarão, um artista nascido no oceano hip hop

Premiado, ele comenta o papel civilizador da arte, discute políticas públicas e divulga batalha de breakdance

“A Semana Estadual do Hip Hop vai mudar a vida de muita gente”

No Brasil, desde a década de 50, os DJs, mesmo dispondo de poucas tecnologias, na época, já usavam o microfone para interagir. Eles têm a incumbência de atribuir ritmo e sonoridade aos eventos de hip hop. Alteram, distorcem, misturam, aceleram e aumentam sons. As melodias frequentemente retratam problemas sociais, como concentração de renda, preconceitos raciais e violências. O goiano DJ Tubarão distingue-se no cenário nacional como comandante das batidas e mixagens diferenciadas. O artista é possuidor de grande bagagem de conhecimentos, adquiridos em vivências pela Europa. Em 2017, em São Paulo, capital, foi campeão na Batalha da Santa Cruz.

Confira a entrevista com o DJ Tubarão

É correto afirmar que o artista DJ Tubarão nasceu no oceano hip hop?  

Sim, o DJ Tubarão nasceu no hip hop. Tive meus primeiros contatos com o rap, aos 5 anos de idade, escutava no toca fitas do meu tio. As fitas cassete que eu mais gostava era DJ Jamaica, Liberdade Condicional, Guindart 121. Em 2008, comecei dançar breaking, ensinado pelo Bboy Bugalloo do Selvagens - Eletro Rock. Em 2010, entrei no Mega Break Crew, a convite do finado Bboy Pirata. Desde 2014, estamos na organização do Encontro de Bboys e Bgirls, no Lago das Rosas. No início de 2017 o DJ Ricood levou o notebook e disse que não ia poder tocar no evento, que eu deveria comandar as músicas pros dançarinos. Na hora pensei: “Esse bicho é doido”. Eu queria dançar, mas peguei gosto naquilo. No final de 2017, comprei uma controladora e comecei a tocar. Eu misturava a vida de Bboying, MC de Freestyle e DJ. Em 2018, decidi dedicar todo tempo ao ofício de DJ.

No Rolê Bboyz você recebeu um troféu. Qual a importância dessa premiação para o hip hop produzido em Goiás?

Aquela premiação no Rolê Bboyz foi muito importante pra mim. Naquele dia, só Bboys OldSchool estavam sendo premiados. Aí, o Rato Loko do BF Crew, disse: “Tem um mano aqui que representa demais, que faz a parada acontecer, atuando como DJ, Bboy, MC de Freestyle e organizador de evento”. Aí ele citou o True Floor e o Niver Jam, como destaques dos eventos que eu organizei. Iniciativa como essa do Rolê Bboyz tinha que acontecer mais.

Cê é lôko, a Semana Estadual do Hip Hop vai ser trenheira e coisarada, muitas conexões, e muito aprendizado. Isso vai mudar a vida de muita gente. A Semana do Hip Hop Municipal mudou a minha. Saca?!"

Em 2017, você foi campeão, em São Paulo, da Batalha da Santa Cruz. Descreva o impacto dessa cena.

. A Batalha da Santa Cruz foi uma experiência muito foda, vi muitos MCs foda, e naquele dia batalhei de dupla com a MC Winnit, que na época chamava MC Toddy. E quando ganhamos a batalha de dupla, tive que fazer a final com ela, e levei a melhor. Creio que o maior impacto daquele acontecimento. Foi a mesma sensação quando com o Mega Break ganhamos uma batalha de Breaking em São Paulo, e, quando fomos duas vezes disputar o mundial de Breaking, na Europa. Nós treinávamos no Castelinho, com nenhuma estrutura, além de luz e piso liso. E conseguimos disputar com os melhores do mundo.

A Rua do Lazer, no setor Central, em Goiânia, abriga a Viela Cultural.  Qual o significado, desta galeria para a arte urbana?

. Então, eu amo o Beco da Codorna, como eu amei a Rua do Lazer. E sobre a estrutura do rolê fizeram um palco redondo com um piso liso, que dá pra fazer btalhas de breaking, batalhas de MCs, saraus e shows de rap. Uniram os quatro elementos do hip hop, ali, naquela Viela.

Goiás instituiu a Lei nº 20.500, em junho de 2019, que define a Semana Estadual da Cultura Hip Hop. Qual a sua avaliação?

Em 2019, eu participei da Semana Municipal do Hip Hop em Goiânia, que, tipo, foi muito importante pra cena. Estrutura boa, som de qualidade e apresentações dos quatro elementos da cultura, todos os dias. A Semana Estadual vai ser tudo isso, mas, no Estado inteiro. Cê é lôko, vai ser trenheira e coisarada, muitas conexões, e muito aprendizado. Isso vai mudar a vida de muita gente. A Semana do Hip Hop Municipal mudou a minha. Saca?!

A estrutura do local, a aparelhagem, a qualidade sonora e a atuação do disc jockey interferem em qual intensidade no resultado de uma batalha de breakdance?

. Demais. Um piso liso e bem limpo, um som de boa qualidade, um DJ com bom repertório, qualidade técnica braba, e jurados imparciais é o que os breakers precisam. Tudo que não obedece a essas exigências fará talvez que o melhor não ganhe.

Em fevereiro, nos dias 7, 8 e 9, Goiânia sediará o True Floor (uma das maiores competições de breakdance do Brasil). Quais as suas observações, referentes ao Festival?

. True Floor é uma competição que tem mais cara de festa do que disputa. Consegue juntar pessoas do Brasil inteiro em Goiânia. Em 2020 a organização Coração de Rua entrou com tudo na produção do evento, e o Galpão Complexo Criativo, no apoio.

Qual o aspecto básico da linha do tempo True Floor?

. A primeira edição aconteceu na esquina da minha casa, em uma praça com o piso caído, som básico, premiação de 80 reais, mas teve DJs que amam o que fazem, com breakers que amam a cultura, grafiteiros que vivem aquilo, com MCs que respiram o hip hop. Hoje, estamos nos melhores locais da capital com 10k de premiação, valorizando Bboys, Bgirls, MCs, grafiteiros e DJs. Não tem como não se emocionar com isso!